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30 de janeiro de 2011

Mercearia V - Ao longo da Penha (1)

Depois de constatar a velocidade a que algumas mercearias estão a fechar, percebi que tenho de acelerar um pouco o passo e traçar um plano para fotografar todas aquelas que conheço, e que permanecem abertas.

Sabia que a Penha de França não me ia desiludir e não me enganei. Das várias mercearias que se podem encontrar nesta freguesia, algumas já descaracterizadas, uma surpreendeu-me pela idade, aspecto e resistência. Foi no número 59 da Martins Sarmento, numa esquina, que descobri uma mercearia centenária com móveis, chão e paredes que o comprovam. Uma verdadeira jóia, bem camuflada, que resiste ao passar do tempo com a enorme simpatia de quem dela toma conta.

Rua Martins Sarmento 59





26 de janeiro de 2011

Mercearia IV - Passeio pelo Bairro Lopes (1)

Perto do cemitério do Alto de São João, e delimitado em grande parte pela Avenida Afonso III, esconde-se um bairro típico cuja construção data de 1930. As ruas geométricas e os prédios semelhantes (mas sempre com pequenas diferenças) do Bairro Lopes denunciam o seu carácter originalmente operário e pejado de pequenos negócios e estabelecimentos cuja entrada obrigava à descida um ou outro degrau. Embora este bairro se adivinhasse como um local privilegiado para o meu motivo fotográfico, a verdade é que, embora alguns dos negócios permaneçam fiéis à sua origem, e com a simpatia inequívoca dos seus donos (como o Sr. Viriato - na foto em baixo) a maioria está já fechada reflectindo um abandono desta área por parte de muitos dos seus moradores.

Rua Sousa Viterbo 35




23 de janeiro de 2011

Mercearia III - Surpresa ao entardecer

Foi já ao anoitecer, e de máquina arrumada, que me deparei com esta mercearia. Passei por ela rapidamente e só 2 a 3 sinapses depois me apercebi do seu potencial. Foi nessa altura que, qual desenho animado, coloquei a cabeça encostada à entrada, a meia altura, e analisei bem o interior. Lá dentro reinava a calma e felicidade vegetal. O dono desta mercearia perto da Praça Paiva Couceiro, acolheu-me com simpatia e explicou-me que já por lá andava há mais de 30 anos e que antes disso o espaço já lá existira por outros 30.

Os elementos que mais me agradaram nesta mercearia foram a sua ligação com uma segunda mercearia, esta sem verduras, e as prateleiras em pedra que remetem imediatamente para uma outra época.

Apesar da proximidade a uma artéria tão movimentada da cidade, a pacatez e o bairrismo desta mercearia fazem-se notar à distância. Quem lá vai é conhecido e não dispensa entre 2 a 9 dedos de conversa.

Rua Sebastião Saraiva Lima 77-81



21 de janeiro de 2011

Mercearia II - rodeada por gigantes em mau estado

Animado pelo início da compilação lancei-me novamente à aventura. Concentrei a minha atenção na zona da Graça, Castelo e Mouraria e foi justamente neste último bairro que o clique voltou a dar-se.
Rodeada por prédios decadentemente imponentes (algo infelizmente demasiado comum nesta zona) esconde-se esta mercearia. Foi a sua proprietária que me informou do contínuo êxodo de moradores, devido exclusivamente ao deterioramento das habitações, e do consequente impacto no comércio.
Esta mercearia, que antes de ser propriedade dos actuais donos era um "lugar" com galinhas vivas e alguns legumes (há pouco mais de 30 anos), possui ainda o chão com um padrão típico, um tecto trabalhado e um sapato de criança atado à entrada. Por lá andava perdido quando os actuais proprietários chegaram e por lá permanecerá, como testemunho de tudo o que passa.

Rua das Olarias 6







19 de janeiro de 2011

Mercearia I - Tubo de ensaio

Após algumas horas encontrei exactamente aquilo que procurava: uma típica mercearia de Lisboa com tudo o que constitui o seu/meu imaginário de mercearia. As fotografias que publico são resultado desta primeira experiência e da minha adaptação às condições destes espaços.
A visita a este estabelecimento comercial centenário, numa rua em que abundam frutarias e outras mercearias de aspecto mais contemporâneo, obrigou-me a rever uma boa parte das minhas teorias e das abordagens técnicas que levava na algibeira. Espero agora evoluir ao longo das próximas visitas e conseguir resultados progressivamente mais satisfatórios.

Rua de S. José 172-174




18 de janeiro de 2011

O início

Nasce hoje mais um blogue com um objectivo muito próprio; a descoberta e partilha de parte da identidade de Lisboa que se encontra dispersa por inúmeros estabelecimentos comerciais. Optei por dedicar-me aos mais antigos e caricatos, não por nostalgia, descontentamento ou crítica, mas como registo do que existe e que à luz de tamanho contraste com o presente se torna ainda mais belo.

Irei documentar essencialmente mercearias mas garanto desde já que a minha objectiva irá resvalar, não poucas vezes, para outros espaços que chamem por mim.

O meu compromisso: Afinco, muito quilómetros e actualização semanal.

Espero que gostem!